domingo, 23 de junho de 2013

Subidas pra rede, como e quando ir?

      Atualmente, o jogo de rede é um dos menos treinados pelos praticantes de tênis. O fato de grande parte dos atletas profissionais passarem a maior parte do tempo na linha de sabe durante suas partidas, faz o jogador amador ter cada vez menos referência de como ir à rede, dificultando o desenvolvimento nesse aspecto tão importante do tênis.
     Para ter um bom aproveitamento na rede, precisa-se, além de uma técnica aprimorada, uma boa chegada na rede, que denominamos de “approach”. Approach significa bola de aproximação, isto é, a bola que você vai rebater e em seguida ir para a rede. Para fazer um bom approach, é preciso saber como e quando chegar até a rede, pois a transição entre a linha de base e a rede é tão importante quanto o golpe propriamente dito.
     Primeiramente é preciso saber o momento ideal de fazer um approach. Para facilitar o entendimento é preciso dividir a quadra em três grandes partes. A 1° parte será entre a rede e um pouco antes da linha de saque, a 2° parte será entre o final da 1° parte até dois metros antes da linha de base, e a 3° parte será entre o final da 2° parte até o fim da linha de base. As bolas rebatidas pelo adversário que quicam na 3° parte são as menos recomendadas para fazer um approach. Como a bola quica com muita profundidade, se rebater a bola e tentar chegar à rede provavelmente não terão tempo de chegar nem até a linha de saque, e conseqüentemente dificultará muito a realização de algum fundamento na rede, aumentando muito a probabilidade de erro. Já as bolas que quicam na 2° parte da quadra, são recomendadas em algumas circunstâncias. É preciso ter uma boa análise da altura, efeito e velocidade da bola. Quando elas chegam com muita velocidade ou com muita altura devido ao efeito topspin, não são tão recomendadas para fazer um approach, devido a dificuldade que a bola chega. No entanto, quando a bola cair nessa área, mas com pouca velocidade e com pouco efeito, pode ser uma boa opção de subida. Já as bolas que quicam na 1° parte de quadra, essas sim, são de obrigatoriedade do jogador usá-las para fazer um approach, pois terá tempo hábil para rebater a bola e subir com tranqüilidade para finalizar o ponto se houver necessidade.
     Com esse conceito em mente, agora podemos passar para a segunda dica. Quando se realiza um approach, existe a opção de direcioná-las na cruzada ou na paralela. Antes, vale lembrar que toda vez que subir a rede, deve seguir a trajetória da bola que é rebatida, isto é, se jogar a bola na cruzada, deve seguir em direção a bola jogada na cruzada, valendo a mesma coisa para a paralela. Quando as bolas são direcionadas para a cruzada, o tempo até chegar à rede será maior, diminuindo o tempo de chegar á rede, além de abrir mais ângulo para o adversário. Já, quando as bolas são direcionadas na paralela, a chegada até a rede será mais rápida, além de fechar todo o ângulo da paralela, deixando apenas um espaço da cruzada para o adversário jogar a bola, diminuindo os ângulos da quadra. Sendo assim, pode-se concluir que, quando realizar um approach, tente utilizar as bolas na paralela, pois teoricamente, ela aumenta a probabilidade de ganhar os pontos junto a rede.
      O último ponto a ser comentado, e um dos mais importantes sobre subidas a rede, é que muitas vezes essas bases teóricas não se refletem na prática, e frequentemente elas precisam ser mudadas. Um exemplo disso são os jogadores que ficam passando bolas altas e fundas para o outro lado da quadra apenas esperando o adversário errar. Muitos deles ficam completamente vulneráveis quando seu adversário sobe a rede. Nesse sentido, mesmo quando um adversário jogar bolas fundas, pode optar em subir a rede, mesmo não estando em uma boa posição, pois o simples fato de estar lá já desestabiliza o adversário. Outro ponto importante é o fato de muitos jogadores ter o forehand muito melhor que o backhand ou vice-versa. Quando subir na rede, se for seguir a teoria, a melhor escolha é direcionar a bola na paralela, mas isso irá depender também se a bola está caindo no melhor ou pior golpe do adversário. Algumas vezes vale a pena fazer um approach na cruzada, mas direcionando para o golpe mais fraco do adversário, do que insistir em um approach na paralela, mas direcionando no melhor golpe dele.
       Isso nos leva a pensar que, mesmo com uma boa base tática, não existe receita de bolo. A leitura do jogo como um todo, desde as táticas básicas até o entendimento do adversário, são primordiais para se ter sucesso na rede.

Bom treino,
Jefferson Cabral!

Referências

1.  Treuherz RF, Cornejo A. Tênis: técnicas e táticas de jogo: preparação estratégica, mental, física, nutricional. 2006

Um comentário:

  1. Grande Jeferson....um ótimo resumo das suas ótimas aulas, sempre com observações táticas. Espero voltar em breve com seus ensinamentos em quadra. Forte abraço, Alexandre.

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