É cada vez maior o
número de praticantes de tênis no Brasil, principalmente o público adulto.
Junto com essa crescente demanda de novos jogadores, também cresce o número de
praticantes que passam mal nas quadras sem motivo aparente. Em casos mais
sérios, já foi relatado morte súbita de algumas pessoas durante a prática de
tênis. Esses jogadores que passam mal nas quadras ou que acabaram indo a óbito,
na maioria das vezes apresentam algum problema cardíaco não diagnosticado.
A principal forma de
prevenir esses problemas durante a prática de tênis é através da realização do
famoso “check-up” com um médico cardiologista. Dentre vários exames que o
médico solicita de acordo com a individualidade de cada pessoa, o teste de
esforço (teste ergométrico ou ergoespirométrico) é um dos mais importantes,
pois consegue detectar possíveis alterações cardíacas no indivíduo frente o
esforço máximo. Dentre várias alterações encontradas no teste de esforço, a obstruções
das artérias coronárias, que podem levar ao infarto agudo do miocárdio, e
arritmias, que podem levar a parada cardíaca são as mais prevalentes. A partir
do resultado do teste de esforço e de outros exames solicitados, o médico pode liberar
o indivíduo para a prática de tênis, devendo o praticante levar o atestado médico dado pelo médico no
local onde o indivíduo irá treinar.
No entanto, em nosso
cotidiano vários clubes e academias do Brasil não obrigam os praticantes de
tênis a levarem atestado médico antes da prática do esporte, e os locais que
são obrigatórios deixam a pessoa iniciar os treinos antes de entregar o
atestado médico. No estado de São Paulo, por exemplo, uma lei que vigora
atualmente, diz que para o indivíduo fazer inscrição em academias do âmbito esportivo,
é preciso apenas responder um questionário de estratificação de risco
denominado Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q). De acordo
com o resultado do questionário, o indivíduo assina um termo de
responsabilidade, podendo iniciar a prática de esportes. Porém, as pessoas não
têm autonomia e nem capacidade suficiente para saber se está apto ou não a
praticar esportes com base em um questionário de estratificação de risco. O indivíduo
pode apresentar algum problema cardíaco não diagnosticado, mas como não sente sintomas
em repouso e há muitos anos não vai ao médico, ele simplesmente acha que está
tudo bem e inicia a prática do tênis. Nesse momento que vêm o grande problema,
pois grande parte dos infartos e paradas cardíacas são desencadeados pelo
exercício físico, principalmente exercícios de alta intensidade.
Durante a realização de
exercícios de alta intensidade, os batimentos cardíacos e a força de contração
do músculo cardíaco se elevam muito, aumentando as chances de desencadear
problemas graves quando há alguma doença cardíaca presente. Como o tênis de
campo é classificado como esporte de alta intensidade devido à movimentação em
várias direções, as corridas em alta velocidade e pelo pouco tempo de
recuperação entre os pontos, tornam o esporte muito perigoso se não tomar os
devidos cuidados.
Por esse motivo, é de
extrema importância que o praticante passe com um médico cardiologista antes da
prática do tênis. Além disso, esperamos que as academias de tênis sejam mais
rigorosas com relação à obrigatoriedade em trazer um atestado médico de
especialista antes da prática do esporte. Dessa forma, os praticantes de tênis
terão uma segurança muito maior, se livrando de possíveis problemas que possam
acontecer dentro das quadra, sendo fator determinante na diminuição de mortes
durante a prática de tênis.
Maiores
informações
Prof° Esp. Jefferson Cabral
Referências
1.
Diretriz em Cardiologia do Esporte
e do Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira
de Medicina do Esporte. Arq
Bras Cardiol. 2013;100:1-41.
2.
III Diretrizes da
Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Teste Ergométrico. Arq Bras Cardiol.
2010; 95: 1-26.
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