Atualmente, o jogo de rede é
um dos menos treinados pelos praticantes de tênis. O fato de grande parte dos
atletas profissionais passarem a maior parte do tempo na linha de sabe durante
suas partidas, faz o jogador amador ter cada vez menos referência de como ir à
rede, dificultando o desenvolvimento nesse aspecto tão importante do tênis.
Para ter um bom
aproveitamento na rede, precisa-se, além de uma técnica aprimorada, uma boa
chegada na rede, que denominamos de “approach”. Approach significa bola de
aproximação, isto é, a bola que você vai rebater e em seguida ir para a rede.
Para fazer um bom approach, é preciso saber como e quando chegar até a rede,
pois a transição entre a linha de base e a rede é tão importante quanto o golpe
propriamente dito.
Primeiramente é preciso saber
o momento ideal de fazer um approach. Para facilitar o entendimento é preciso
dividir a quadra em três grandes partes. A 1° parte será entre a rede e um
pouco antes da linha de saque, a 2° parte será entre o final da 1° parte até dois
metros antes da linha de base, e a 3° parte será entre o final da 2° parte até o
fim da linha de base. As bolas rebatidas pelo adversário que quicam na 3° parte
são as menos recomendadas para fazer um approach. Como a bola quica com muita
profundidade, se rebater a bola e tentar chegar à rede provavelmente não terão
tempo de chegar nem até a linha de saque, e conseqüentemente dificultará muito
a realização de algum fundamento na rede, aumentando muito a probabilidade de
erro. Já as bolas que quicam na 2° parte da quadra, são recomendadas em algumas
circunstâncias. É preciso ter uma boa análise da altura, efeito e velocidade da
bola. Quando elas chegam com muita velocidade ou com muita altura devido ao efeito
topspin, não são tão recomendadas para fazer um approach, devido a dificuldade
que a bola chega. No entanto, quando a bola cair nessa área, mas com pouca
velocidade e com pouco efeito, pode ser uma boa opção de subida. Já as bolas
que quicam na 1° parte de quadra, essas sim, são de obrigatoriedade do jogador
usá-las para fazer um approach, pois terá tempo hábil para rebater a bola e
subir com tranqüilidade para finalizar o ponto se houver necessidade.
Com esse conceito em mente, agora podemos passar
para a segunda dica. Quando se realiza um approach, existe a opção de
direcioná-las na cruzada ou na paralela. Antes, vale lembrar que toda vez que
subir a rede, deve seguir a trajetória da bola que é rebatida, isto é, se jogar
a bola na cruzada, deve seguir em direção a bola jogada na cruzada, valendo a
mesma coisa para a paralela. Quando as bolas são direcionadas para a cruzada, o
tempo até chegar à rede será maior, diminuindo o tempo de chegar á rede, além
de abrir mais ângulo para o adversário. Já, quando as bolas são direcionadas na
paralela, a chegada até a rede será mais rápida, além de fechar todo o ângulo da
paralela, deixando apenas um espaço da cruzada para o adversário jogar a bola,
diminuindo os ângulos da quadra. Sendo assim, pode-se concluir que, quando
realizar um approach, tente utilizar as bolas na paralela, pois teoricamente,
ela aumenta a probabilidade de ganhar os pontos junto a rede.
O último ponto a ser
comentado, e um dos mais importantes sobre subidas a rede, é que muitas vezes
essas bases teóricas não se refletem na prática, e frequentemente elas precisam
ser mudadas. Um exemplo disso são os jogadores que ficam passando bolas altas e
fundas para o outro lado da quadra apenas esperando o adversário errar. Muitos
deles ficam completamente vulneráveis quando seu adversário sobe a rede. Nesse
sentido, mesmo quando um adversário jogar bolas fundas, pode optar em subir a
rede, mesmo não estando em uma boa posição, pois o simples fato de estar lá já
desestabiliza o adversário. Outro ponto importante é o fato de muitos jogadores
ter o forehand muito melhor que o backhand ou vice-versa. Quando subir na rede,
se for seguir a teoria, a melhor escolha é direcionar a bola na paralela, mas
isso irá depender também se a bola está caindo no melhor ou pior golpe do
adversário. Algumas vezes vale a pena fazer um approach na cruzada, mas
direcionando para o golpe mais fraco do adversário, do que insistir em um approach
na paralela, mas direcionando no melhor golpe dele.
Isso nos leva a pensar que,
mesmo com uma boa base tática, não existe receita de bolo. A leitura do jogo
como um todo, desde as táticas básicas até o entendimento do adversário, são
primordiais para se ter sucesso na rede.
Bom
treino,
Jefferson
Cabral!
Referências
1. Treuherz RF, Cornejo A. Tênis: técnicas e
táticas de jogo: preparação estratégica, mental, física, nutricional. 2006